Não é incomum ouvirmos que alguma coceira ou vermelhidão na pele pode ser dermatite. Mas você sabia que existem diferentes tipos de dermatite? Existem dermatites alérgicas, inflamatórias e até mesmo infecciosas. Entre as inflamações de pele denominadas por dermatite, algumas das mais comuns são:
Dermatite de contato
Dermatite atópica
Dermatite seborreica
Dermatite herpetiforme
Dermatite numular
Dermatite vascular
Dermatite ocre
Dermatite asteatósica
Dermatite perioral
Dermatite artefacta
Dermatite infectiva
Dermatite actínica crônica
Falamos mais sobre a dermatite de contato, seborreica, atópica e herpetiforme abaixo.
A dermatite de contato faz parte do grupo dos eczemas, ou seja, das alergias. A alergia de contato nada mais é do que uma reação na pele causada por alguma substância que irrita ou que leva a uma inflamação na pele, vermelhidão, inchaço, secreção clara, crostas ou coceira. Muitas vezes, a localização e o formato inicial da lesão indicam possíveis causas.
Alguns exemplos comuns do dia a dia são:
Dermatite de contato a níquel, que ocorre nos locais em contato com metais, como brincos, anéis, relógio ou botão de calça.
Alergia a borracha, um exemplo comum são lesões no peito do pé decorrente de chinelos.
Alergia a tinta de cabelo, que pode causar coceira e lesões de pele, inclusive descamação no couro cabeludo.
Dermatite de contato a esmaltes, que classicamente evolui com vermelhidão, inchaço e descamação na região das pálpebras, devido ao hábito rotineiro de passar as mãos na região dos olhos.
Alergia a produtos de limpeza, frequentemente manifestada com descamação e aumento das rachaduras das mãos.
O diagnóstico da dermatite de contato é clínico, porém a investigação do agente causador da alergia pode ser realizada através do teste de contato. Nesse teste, substâncias comumente causadoras de alergia são colocadas em contato com a pele do paciente por 48 horas. Após esse período, avalia-se a área exposta com o objetivo de se detectar a presença de uma alergia no local testado.
Sendo a causa o contato com substâncias irritativas ou alergênicas, a principal medida para melhora do paciente é afastar as substâncias causadoras. Caso necessário, medicações sintomáticas (que auxiliam no alívio da dor e dos sintomas de inflamação) e anti-inflamatórias podem ser indicadas para controle dos sintomas.
Outra dermatite bastante frequente é a dermatite seborreica. A dermatite seborreica é uma doença crônica caracterizada por lesões vermelhas e descamativas em áreas com muitas glândulas sebáceas, como couro cabeludo, região central do rosto, orelhas e áreas de dobras. A dermatite seborreica tem um componente genético, além de estar relacionada a um desequilíbrio da microbiota da pele.
A dermatite seborreica pode aparecer desde a segunda semana de vida e ocorre até mesmo em adultos. Nos bebês, duas apresentações clínicas são bastante frequentes: a crosta láctea no couro cabeludo, caracterizada por casquinhas aderentes, amareladas, e a dermatite na área das fraldas, que pode ser confundida com a famosa assadura, predominando principalmente na região das dobras. Já em crianças maiores e em adultos, a dermatite seborreica se manifesta sobretudo com lesões vermelhas e descamativas, com escamas amareladas e oleosas, frequentemente no couro cabeludo, nas orelhas e na região central da face.
A dermatite atópica é uma doença inflamatória crônica e recorrente da pele que se caracteriza por lesões de pele vermelhas, pele seca e coceira. Ocorre em indivíduos que tem histórico pessoal ou na família de doenças alérgicas, entre elas asma, rinite alérgica e alergia alimentar. Além da herança genética, fatores ambientais e emocionais atuam como agravantes da doença. Atualmente, sabe-se que a dermatite atópica ocorre por alteração da pele, disfunção do sistema imunológico, ou seja, alteração das células de defesa do corpo, além de alteração do conjunto de bactérias que habitam normalmente a pele.
Por fim, a dermatite herpetiforme que, apesar do nome, nada tem a ver com o vírus do herpes. A dermatite herpetiforme está relacionada com a intolerância ao glúten, mesmo que o paciente não tenha sintomas gastrointestinais. Caracteriza-se por bolinhas vermelhas e bolhinhas de água, agrupadas, assim como lesões maiores vermelhas, inchadas, com muita coceira, geralmente localizadas ao redor do couro cabeludo e em cotovelos, joelhos e glúteos. Devido à coceira e ao tipo de lesão de pele, pode ser confundida com alergia.
A biópsia de pele, exame no qual se retira um pedacinho de pele, sob anestesia local, é necessária para o correto diagnóstico. Após a dermatite herpetiforme ter sido confirmada, o paciente deve ser orientado a procurar um gastroenterologista para investigar como está o aparelho gastrointestinal, assim como pesquisar a presença de outras doenças autoimunes que podem estar associadas à dermatite herpetiforme, como doenças de tireoide e diabetes.
Como a manifestação de pele é causada pela reação ao glúten, a principal conduta frente a esses pacientes é orientação para estabelecimento de uma dieta totalmente isenta de glúten. Medicações anti-inflamatórias podem ser utilizadas inicialmente para controle dos sintomas até que o paciente consiga retirar totalmente o glúten de sua dieta.
Não basta ter lesões vermelhas e coceira para ter o diagnóstico de alergia. Na presença de lesões de pele, procure sempre um médico para fazer o diagnóstico e oferecer o melhor tratamento para cada paciente.
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