A importância do tratamento contínuo no caso de uma doença reumática
Saiba por que cuidar de sua enfermidade deve ser um compromisso para a vida toda.
Você já deve ter lido ou ouvido que as doenças reumáticas são crônicas e não possuem cura. Tudo isso é verdade. Mas não existir cura não implica, necessariamente, em uma má qualidade de vida. Se as doenças reumáticas forem tratadas cedo e da maneira correta, aumentam as chances de atenuação dos sintomas e até mesmo de remissão — quando há normalização dos exames de laboratório e desaparecimento da dor e do inchaço das juntas.1-2
O mais importante para um paciente de uma doença reumática é saber da necessidade de um tratamento contínuo. As consultas a um médico reumatologista devem ser frequentes até o fim da vida, mesmo quando seu quadro parece estável e livre das dores. É por meio do acompanhamento próximo do paciente que o profissional de saúde indicará a melhor abordagem do tratamento: verificando o melhor modo de ação, diminuindo ou aumentando as dosagens e indicando a terapia complementar mais indicada para cada caso.1
Algumas das doenças reumáticas mais comuns — como a artrite reumatoide, a mais frequente no Brasil e no mundo, o lúpus e a esclerodermia — são autoimunes. Este é o nome que se dá quando o sistema imunológico do corpo ataca erroneamente os tecidos saudáveis do organismo. Para tratar de doenças assim, o paciente deve fazer uso dos medicamentos imunossupressores. Eles regulam a autoimunidade exagerada e, assim, diminuem a inflamação e suas consequências para as juntas e para os órgãos. A redução da inflamação costuma trazer uma melhora significativa na qualidade de vida dos pacientes.1-3-4
Estudos mostram que, no caso da artrite reumatoide, quanto antes os medicamentos forem iniciados, melhor e maior será a resposta do paciente. Ainda assim, o início de ação deles pode ser lento, demorando de semanas a meses para ter melhor atuação na atividade da doença. Com base nos exames e nas consultas frequentes, o médico reumatologista pode indicar um dos medicamentos imunossupressores ou uma combinação deles.1-2
Quanto aos possíveis efeitos colaterais, todos devem ser observados de perto pelo médico durante as consultas. Em alguns casos em que a doença estiver controlada, é possível diminuir ou até suspender os medicamentos. Mesmo assim, vale reforçar: a recomendação é que o paciente continue a marcar consultas com o médico reumatologista para realizar avaliações clínicas e exames complementares. Só assim ele conseguirá ter detectadas possíveis recaídas da doença. Como já dissemos, as doenças crônicas não possuem cura. Isso significa que os sintomas podem voltar a qualquer momento após a remissão.1
É consenso entre os médicos que quanto antes o tratamento para doença reumática se inicia, maiores são as chances do paciente apresentar uma remissão dos sintomas. Caso o paciente demore a procurar ajuda e não siga os procedimentos indicados pelos especialistas, aumenta o risco do quadro evoluir para uma lesão permanente da articulação e para deformidades articulares. Em casos assim, o paciente sofre com incapacidades físicas para realizar tarefas simples e atividades de lazer.1-2
De acordo com o Ministério da Previdência Social, as doenças reumáticas são a segunda maior causa de pedido de licença no trabalho. E de todas as aposentadorias prematuras, 13% delas têm como causa uma doença reumática.6-7
Somente um tratamento continuado evita que o paciente possa ter sequelas graves. O acompanhamento médico também é frequente para serem verificadas as possíveis presenças de comorbidades. Algumas enfermidades comuns que podem surgir a partir das doenças reumáticas são: hipertensão, dislipidemia, depressão, diabetes mellitus e doenças do coração.1-8
Como dito acima, as doenças reumáticas podem afetar outras áreas do corpo. Por isso é fundamental que o médico reumatologista recomende um tratamento em conjunto com outros profissionais. Alguns dos mais frequentes são fisioterapeutas, nutricionistas, psicólogos e educadores físicos. Eles podem ajudar os pacientes a lidarem com alguns sintomas ruins decorrentes da doença reumática.1
Não há evidências científicas que terapias alternativas como acupuntura, dietas, massagens e meditação, entre outras, tragam benefícios aos pacientes. Ainda assim, caso o paciente queira experimentar algum tratamento alternativo, deve, antes, informar ao médico reumatologista para que ele possa informar se a prática possui algum risco de dano.1
É importante ressaltar que não se deve parar de frequentar as consultas ao reumatologista, tampouco deixar de tomar a medicação por conta própria. De acordo com a Sociedade Brasileira de Reumatologia, práticas como "auto-hemoterapia", "vacina para brucelose" e "lavagem intestinal" não só não funcionam como podem trazer danos à saúde.1
Referências:
Sociedade Brasileira de Reumatologia. Cartilha de orientação para artrite reumatóide. São. Paulo, Comissão de Artrite Reumatoide, 2011.
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Almutairi KB, Nossent JC, Preen DB, et al. The prevalence of rheumatoid arthritis: a systematic review of population-based studies. J Rheumatol. 2021;48:669–76
Sociedade Brasileira de Reumatologia. Lúpus Eritematoso Sistêmico (LES). Disponível em: https://www.reumatologia.org.br/doencas-reumaticas/lupus-eritematoso-sistemico-les/ Acesso em 19 de abril de 2023
Sociedade Brasileira de Reumatologia. Esclerodermia Disponível em: https://www.reumatologia.org.br/doencas-reumaticas/esclerodermia/ Acesso em 20 de abril de 2023
Pleno do Conselho Nacional de Saúde. Recomendação Nº 011,12 de abril de 2018. Dados do Ministério da Previdência Social. Disponível em: https://conselho.saude.gov.br/recomendacoes/2018/Reco011.pdf
Passalini, Thaisa et Fuller, Ricardo. Public social security burden of musculoskeletal diseases in Brasil-Descriptive study. Assoc. Med. Bras. vol.64 no.4 São Paulo Apr. 2018 https://doi.org/10.1590/1806-9282.64.04.339
Dias, C. Z., dos-Santos, J. B. R., Almeida, A. M., Alvares, J., Guerra-Junior, A. A., & Acurcio, F. de A. (2016). Perfil dos usuários com doenças reumáticas e fatores associados à qualidade de vida no sistemaúnico de saúde, Brasil. Revista Médica de Minas Gerais, 27(1). https://doi.org/10.5935/2238-3182.20170089
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