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O melhor caminho para viver bem com uma doença reumática

Conheça uma série de hábitos e cuidados que melhoram a qualidade de vida de quem convive com a condição crônica

Quando falamos em doenças reumáticas, a primeira coisa que pode vir à mente é a palavra dor. Isso porque um dos sintomas comuns a todas elas é uma dor persistente nas articulações que, se for ignorada, pode piorar e levar a incapacidades físicas muito sérias.1

Existem mais de 120 tipos de doenças reumáticas. Nenhum deles possui cura. Mas conviver com um deles não implica em uma vida de dores e renúncias. Se as doenças reumáticas forem tratadas cedo e da maneira correta, aumentam as chances do desaparecimento da dor e do inchaço das juntas, permitindo que o paciente tenha dias repletos de alegrias e satisfações.2,3,4

O caminho para uma vida plena com a doença reumática requer muitos cuidados. A condição crônica exige que o paciente repense seus hábitos alimentares e suas rotinas de sono, de trabalho e de lazer. Por isso, além dos remédios essenciais para o tratamento, há uma série de medidas que se deve tomar para alcançar uma boa qualidade de vida.4

Abaixo, elencamos os cuidados e as mudanças de hábitos que podem trazer uma melhora significativa para todo paciente de doenças reumáticas.
 

1. Consulte um reumatologista para tomar os remédios adequados

O primeiro passo para o tratamento é consultar um médico reumatologista. Ele é o responsável por indicar a melhor abordagem de tratamento para cada caso. A atuação desse profissional de saúde deve ser contínua, mesmo quando o quadro parece estável e livre das dores. Isso ocorre pelo fato de que toda doença reumática é crônica, o que significa que os sintomas podem voltar a qualquer momento após a remissão.4

Em alguns casos em que a doença estiver controlada, é possível diminuir ou até suspender os tratamentos. Já as consultas, não: o paciente de uma doença reumática deve consultar o reumatologista até o fim da vida para realizar avaliações clínicas e exames complementares.4
 

2. Faça exercícios físicos regularmente

Há muitos estudos que apontam para os benefícios de exercícios físicos nos pacientes de alguma doença reumática. O consenso é que a atividade física pode ser uma boa medida para reduzir a dor e a fadiga, além de aumentar a qualidade de vida do paciente.5

Em 2018, a EULAR (European League Against Rheumatism), o órgão europeu de combate às doenças reumáticas, atestou que a prática esportiva melhorava a força, a flexibilidade e a saúde cardiovascular dos pacientes de artrite reumatóide e osteoartrite. Na revisão de estudos sobre as melhores práticas esportivas, a EULAR verificou que os exercícios aeróbicos combinados com musculação tiveram os melhores resultados.5

A recomendação é que, antes de iniciar qualquer prática esportiva, o paciente consulte o reumatologista para saber quais são as melhores práticas, bem como a duração e a intensidade recomendadas para o seu caso específico. Sempre haverá alguma atividade física adequada para cada quadro. Há estudos preliminares que sugerem que a yoga, por exemplo, pode ser uma prática benéfica e segura para quem tem uma doença reumática.4,5,6

3. Durma bem e na quantidade correta

Todos nós já experimentamos alterações no humor depois de uma noite mal dormida. Para aqueles que têm doenças reumáticas, a privação de sono pode ocasionar mal-estares ainda piores. Há evidências científicas de que a falta de sono aumenta a inflamação sistêmica e a sensibilidade à dor, intensificando os efeitos de um sistema imunológico já hiperativo.7

Altos níveis de estresse, uso de celulares, consumo de álcool e cafeína contribuem para o aumento das taxas de sono insuficiente ao redor do mundo. Não há dados consolidados sobre a relação entre sono e doenças reumáticas no Brasil, mas nos Estados Unidos se estima que dois terços dos pacientes de artrite reumatoide possuem pelo menos um distúrbio do sono, como apneia obstrutiva do sono, síndrome das pernas inquietas e sono de curta duração.7

Caso o paciente tenha algum distúrbio do sono, uma das soluções com bons indicadores comprovados é a terapia cognitivo-comportamental para insônia (CBT-I), que analisa e atua junto ao controle de estímulos e melhora a higiene do sono do paciente.7

Um estudo recente também concluiu que os pacientes de doenças reumáticas que praticam exercícios físicos possuem uma melhor qualidade de sono. Ou seja, movimentar o corpo é um passo primordial para viver bem com uma doença reumática.8

4. Evite o stress e hábitos pouco saudáveis

É sabido que o stress aumenta a atividade da doença reumática. Isso significa que o paciente pode sentir mais dores em períodos estressantes.9

Para que o tratamento tenha melhores resultados, portanto, é imprescindível que o paciente evite situações que o aflijam. Vale buscar atividades que o façam se sentir bem e não o sobrecarreguem.9

Assim como o stress, o cigarro também está associado a uma maior atividade da doença e, segundo os médicos, deve ser evitado por quem está em tratamento.10

 Outra área que merece atenção especial é a alimentação. O excesso de peso pode aumentar a atividade da doença reumática e causar mais dor e fadiga, além de elevar o risco de comorbidades. Os exercícios e uma alimentação balanceada costumam ser bons aliados para o controle do peso e uma melhor qualidade de vida. Não há restrições alimentares nas doenças reumáticas. No caso da artrite reumatoide, o tipo mais comum, é recomendável uma dieta equilibrada e rica em cálcio, com leite e derivados, devido ao risco aumentado de osteoporose. Uma consulta com nutricionista ou nutrólogo pode ajudar no tratamento.4,5
 

5. Busque apoio psicológico

Os dias para quem tem uma doença reumática podem ser muito difíceis, sobretudo no começo dos sintomas, quando o paciente precisa lidar com mudanças de rotina nos seus relacionamentos, nas atividades sociais e no trabalho. É comum que, durante o tratamento, o paciente se queixe de uma piora na qualidade de vida e sofra com ansiedade e depressão.11,12

Gerenciar o impacto psicológico da doença reumática é fundamental. Um serviço dedicado ao bem-estar mental dos pacientes é muito importante para o sucesso do tratamento reumatológico. Sessões de terapia psicológica podem ajudar o paciente a enfrentar as adversidades da doença com mais leveza, além de auxiliar na mudança de hábitos.7,11,12

Outra parte importante é o apoio social. É comum que a invalidação dos sintomas (a falta de compreensão ou a falta de atenção) por parte dos outros cause pioras físicas e psicológicas no paciente. Por isso é essencial que psicólogos, familiares e amigos entendam as particularidades de uma doença reumática e conversem sobre os sintomas.12 



Referências

  1. Sociedade Brasileira de Reumatologia. Doenças reumáticas acometem 15 milhões de brasileiros, causam limitações, aposentadorias precoces e sério impacto sobre o sistema de saúde do país. Disponível em: https://www.reumatologia.org.br/noticias/doencas-reumaticas-acometem-15-milhoes-de-brasileiros-causam-limitacoes-aposentadorias-precoces-e-serio-impacto-sobre-o-sistema-de-saude-do-pais/ Acesso em: 16/03/2023

  2. Plenário do Conselho Nacional de Saúde. Recomendação Nº 011,12 de abril de 2018. Dados do Ministério da Previdência Social. Disponível em: https://conselho.saude.gov.br/recomendacoes/2018/Reco011.pdf Acesso em 04/05/2023

  3. de Albuquerque, C.P., Reis, A.P.M.G., Santos, A.B.V. et al. Decreasing delays in the diagnosis and treatment of rheumatoid arthritis in Brazil: a nationwide multicenter observational study. Adv Rheumatol 63, 3 (2023). https://doi.org/10.1186/s42358-022-00265-0

  4. Cartilha de orientação para artrite reumatóide. São. Paulo, Comissão de Artrite Reumatoide, 2011. Disponível em https://www.reumatologia.org.br/cartilhas/ Acesso em 04/05/2023

  5. Gwinnutt JM, Wieczorek M, Cavalli G, Balanescu A, Bischoff-Ferrari HA, Boonen A, de Souza S, de Thurah A, Dorner TE, Moe RH, Putrik P, Rodríguez-Carrio J, Silva-Fernández L, Stamm T, Walker-Bone K, Welling J, Zlatković-Švenda MI, Guillemin F, Verstappen SMM. Effects of physical exercise and body weight on disease-specific outcomes of people with rheumatic and musculoskeletal diseases (RMDs): systematic reviews and meta-analyses informing the 2021 EULAR recommendations for lifestyle improvements in people with RMDs. RMD Open. 2022 Mar;8(1):e002168. doi: 10.1136/rmdopen-2021-002168. PMID: 35361692; PMCID: PMC8971792.

  6. Ward L, Stebbings S, Athens J, Cherkin D, David Baxter G. Yoga for the management of pain and sleep in rheumatoid arthritis: a pilot randomized controlled trial. Musculoskeletal Care. 2018 Mar;16(1):39-47. doi: 10.1002/msc.1201. Epub 2017 Jun 16. PMID: 28621011.

  7. A wake-up call for sleep in rheumatic diseases. The Lancet Rheumatology. Nov 2022. DOI:https://doi.org/10.1016/S2665-9913(22)00311-3.

  8. Durcan L, Wilson F, Cunnane G. The effect of exercise on sleep and fatigue in rheumatoid arthritis: a randomized controlled study. J Rheumatol. 2014 Oct;41(10):1966-73. doi: 10.3899/jrheum.131282. Epub 2014 Aug 15. PMID: 25128510.

  9. Polinski KJ, Bemis EA, Feser M, Seifert J, Demoruelle MK, Striebich CC, Brake S, O'Dell JR, Mikuls TR, Weisman MH, Gregersen PK, Keating RM, Buckner J, Nicassio P, Holers VM, Deane KD, Norris JM. Perceived Stress and Inflammatory Arthritis: A Prospective Investigation in the Studies of the Etiologies of Rheumatoid Arthritis Cohort. Arthritis Care Res (Hoboken). 2020 Dec;72(12):1766-1771. doi: 10.1002/acr.24085. Epub 2020 Nov 6. PMID: 31600025; PMCID: PMC7145743.

  10. Gwinnutt JM, Verstappen SM, Humphreys JH. The impact of lifestyle behaviours, physical activity and smoking on morbidity and mortality in patients with rheumatoid arthritis. Best Pract Res Clin Rheumatol. 2020 Apr;34(2):101562. doi: 10.1016/j.berh.2020.101562. Epub 2020 Jul 6. PMID: 32646673.

  11. Lim C, Kirk J, Edwards E, et alPARE0021 Challenging Mental Health Disorder in Long Term Rheumatic Disease ClinicsAnnals of the Rheumatic Diseases 2014;73:1246.

  12. Kool MB, van Middendorp H, Lumley MA, Bijlsma JW, Geenen R. Social support and invalidation by others contribute uniquely to the understanding of physical and mental health of patients with rheumatic diseases. J Health Psychol. 2013 Jan;18(1):86-95. doi: 10.1177/1359105312436438. Epub 2012 Feb 23. PMID: 22363049.

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