20/04/2021
Mais de 300 milhões de pessoas têm depressão no mundo. Apesar de ser uma doença crônica com tratamentos eficazes, menos da metade das pessoas afetadas tem acesso a opções terapêuticas. Em alguns países, menos de 10% das pessoas com depressão são tratadas efetivamente.
Ainda existe um estigma social relacionado aos transtornos mentais somado a outros problemas que dificultam o acesso aos tratamentos, pois muitas pessoas não sabem que estão doentes, por exemplo. Continue a leitura e saiba como identificar a depressão.
A situação de pandemia de covid-19 que vivemos no Brasil desde o início de 2020, faz com que as pessoas vivenciem situações de medo, luto, incerteza, falta de perspectiva, preocupações financeiras e solidão.
Segundo relatório da Organização Mundial de Saúde (OMS), só no primeiro ano de pandemia, a prevalência global de ansiedade e depressão aumentou em 25%. No Brasil, um estudo desenvolvido pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) observou que 40,4% dos brasileiros participantes manifestaram sintomas depressivos; já 50,6% relataram estar ansiosos ou nervosos durante a pandemia.
A depressão é enfermidade crônica e silenciosa. Geralmente, a pessoa está tão vulnerável que não é capaz de perceber que algo não vai bem. Diante disso, a procura por ajuda médica tende a não ocorrer ou, se acontece, é tardiamente, quando a doença já se agravou.
Por isso, é fundamental saber reconhecer os sinais e sintomas da depressão, que aparecem na maior parte dos casos, como:
Sentimentos de tristeza e angústia na maior parte do tempo;
Perda de prazer em atividades que normalmente gostava de praticar. Pode ser algum tipo de hobby, como nadar, correr, dançar ou jogar vídeo game.
Essas alterações são sinais de alerta quando persistem por, no mínimo, duas semanas. No entanto, existem outras mudanças que podem não ser comuns a todas as pessoas com depressão, mas também são preocupantes. São elas:
Alteração repentina de peso sem motivo aparente;
Irritabilidade;
Frustração;
Baixa autoestima;
Ansiedade;
Falta de energia;
Cansaço contínuo;
Insônia ou sono em excesso;
Pensamentos negativos, como vontade de se machucar, morte e suicídio;
Movimentos/ falas mais lentos ou acelerados.
É importante destacar que o fato de apresentar um ou mais dos sinais e sintomas listados, não significa, necessariamente, que a pessoa esteja com depressão. Somente um médico pode avaliar o caso, fazer o diagnóstico e indicar o tratamento mais adequado.
Em um primeiro momento, pode ser difícil diferenciar tristeza e depressão. Realmente há semelhanças, porém existem características diferentes que não devem ser subestimadas.
Por exemplo, o luto é uma resposta totalmente natural a uma perda, enquanto a depressão é uma doença.
Quando as pessoas estão tristes, o sentimento não é persistente o tempo inteiro. Há uma alternância entre a tristeza e os outros sentimentos que fazem parte da vida do ser humano. Embora tristes, as pessoas ainda conseguem desfrutar de bons momentos e olhar para o futuro, praticar algum hobby e fazer planos.
Por outro lado, as pessoas com depressão se sentem tristes constantemente. Acham difícil aproveitar qualquer coisa ou ter uma visão otimista do futuro. Só conseguem ter pensamentos ruins e negativos.
A depressão normalmente surge de forma gradual. Por isso, pode ser difícil perceber que algo está errado no início. Muitas pessoas tentam lidar com os sinais e sintomas, sem perceber que não é possível fazer isso sem ajuda. A doença pode ser classificada de acordo com a gravidade:
Depressão leve – promove algum impacto em seu dia-a-dia;
Depressão moderada – promove um impacto significativo em sua vida diária;
Depressão severa – torna quase impossível enfrentar as atividades diárias; algumas pessoas com depressão grave podem apresentar sintomas psicóticos, como alucinações.
Quanto antes a depressão for diagnosticada, mais chances a pessoa tem de recuperar a qualidade de vida e amenizar os sinais e sintomas, além de evitar fazer mal a si própria, como se machucar ou até tirar a própria vida. No entanto, uma das principais barreiras para ter um tratamento eficaz é o diagnóstico impreciso.
Não existe um exame capaz de confirmar a doença. O diagnóstico da depressão é feito pelo médico psiquiatra a partir de uma conversa sobre o histórico familiar, o momento atual vivido e alguns testes para avaliar o estado mental.
Existem dois tipos de tratamento da depressão:
Medicamentos – o médico pode indicar um medicamento, que vai variar de acordo com o caso do paciente, baseado em algumas informações, tais como:
Tipo de depressão;
Histórico pessoal e familiar;
Presença de alguma doença crônica, com diabetes e hipertensão;
Características do medicamento;
Se já houve boa resposta a uma determinada classe de medicamentos já utilizada.
O medicamento não é necessariamente o mesmo durante todo o tratamento. Conforme a pessoa tiver necessidade, o médico pode trocar o medicamento ou associá-lo a outro.
Psicoterapia – a partir da recomendação médica, a pessoa com depressão deve se consultar com um psicólogo para lidar melhor com os diferentes sentimentos causados pela doença. Geralmente as consultas são semanais, mas se houver necessidade podem ter mais encontros.
A psicoterapia em conjunto com os medicamentos adequados mantém a doença controlada e permite que, aos poucos, a pessoa recupere a sua qualidade de vida.
Além dos cuidados profissionais, existem algumas ações do dia a dia que podem ajudar no processo de lidar com a saúde mental.
Limite o tempo ligado nas notícias - é importante estar informado, mas o acúmulo de informações pode ser um gatilho negativo. Estipule quanto tempo do seu dia você pode dedicar ao consumo de notícias, e, se necessário, reduza. Não se esqueça de buscar fontes oficiais para evitar notícias falsas.
Evite álcool e tabaco como escape do estresse – além de não resolverem problemas emocionais, se tornam vícios e, a longo prazo, causam muito malefícios à saúde física e mental. Beba com moderação e não fume.
Não preencha seus dias apenas com atividades obrigatórias - libere um tempo na sua agenda para ler um livro, assistir a um filme, aprender uma habilidade nova, ouvir uma música, cozinhar com tranquilidade ou o que preferir. Faça algo por você mesmo!
Faça exercícios físicos – além de ajudar a prevenir doenças crônicas como as cardiovasculares, diabetes e obesidade, a prática de exercícios libera endorfina, um hormônio responsável pela sensação de bem-estar. Existem diversos bons profissionais de educação física que podem instruir você a se exercitar dentro de casa. Fazer aulas de dança ou yoga online também é uma opção.
Quer saber mais sobre a depressão? Assista aos vídeos:
O que é depressão?
Depressão: sinais de alerta
https://www.paho.org/pt/topicos/depressao#:~:text=Em%20todo%20o%20mundo%2C%20estima,a%20carga%20global%20de%20doen%C3%A7as. – acessado em 01/04/2022;
https://www.nhs.uk/mental-health/conditions/clinical-depression/symptoms/ – acessado em 01/04/2022;
https://www.mayoclinic.org/diseases-conditions/depression/symptoms-causes/syc-20356007 – acessado em 01/04/2022;
https://www.paho.org/pt/noticias/2-3-2022-pandemia-covid-19-desencadeia-aumento-25-na-prevalencia-ansiedade-e-depressao-em#:~:text=Pandemia%20de%20COVID%2D19%20desencadeia,Organiza%C3%A7%C3%A3o%20Pan%2DAmericana%20da%20Sa%C3%BAde – acessado em 01/04/2022;
https://www2.ufjf.br/noticias/2021/04/07/indice-de-pacientes-com-sintoma-de-depressao-ultrapassa-90-na-pandemia/ - acessado em 01/04/2022;
https://www.ufmg.br/saudemental/type-recomendacao/como-as-redes-sociais-e-as-informacoes-em-excesso-podem-ser-prejudiciais-nesse-momento-de-pandemia/ - acessado em 01/04/2022.
PP-UNP-BRA-0137