Fui diagnosticado com uma DII: como me preparar para a consulta médica?
Receber um diagnóstico de Doença Inflamatória Intestinal (DII) costuma ser uma mistura de alívio e preocupação. A explicação para os sintomas costuma vir acompanhada por novas dúvidas, assim como a expectativa diante do desconhecido. É normal que o paciente experimente sentimentos de negação, raiva, negociação com a doença e até mesmo a depressão, antes de finalmente aceitar essa nova realidade.1
Tão importante quanto ter um acompanhamento médico especializado é entender que somos mais do que um diagnóstico. Ter uma DII não é ter uma doença contra você, mas com você. Ainda que seja uma companhia indesejada, é preciso aprender a conviver com ela da melhor forma possível. Por isso, iniciar o tratamento adequado é o primeiro passo para recuperar a qualidade de vida, e o gastroenterologista desempenha um papel fundamental neste processo.1-2
Se você está convivendo com uma doença crônica como a Doença de Crohn ou Retocolite Ulcerativa, provavelmente já descobriu que as consultas médicas são uma parte importante de sua nova rotina de cuidados. Com tantas adaptações, entretanto, pode ser difícil lembrar de todas as perguntas importantes ou tirar dúvidas quando se está diante do médico. Por isso, listamos algumas dicas para ajudar você a se preparar com calma para sua próxima consulta, mesmo que já tenha passado com outros especialistas anteriormente.3-4
As Doenças Inflamatórias Intestinais (DIIs) ocorrem quando há uma desordem do sistema imunológico e, como consequência, as células de defesa do organismo agridem o sistema gastrointestinal. As DIIs mais comuns são a Doença de Crohn, que pode ocorrer em qualquer parte do aparelho digestivo, e a Retocolite Ulcerativa, que afeta o intestino grosso. Até o momento, não se sabe a causa dessa inflamação crônica e recorrente, mas o fator genético desempenha um papel importante. Por isso, pode acontecer de alguns de seus familiares também desenvolverem algum tipo de DII. É importante lembrar que a doença não tem cura, e que a eficácia do tratamento depende de você se responsabilizar por seus cuidados, juntamente com o médico e a equipe de saúde.1-5
Um dos itens mais importantes para o sucesso do seu tratamento está na comunicação com seu gastroenterologista. Para que o médico oriente você, ele precisa da sua ajuda para responder todas as perguntas que ele fizer, com o máximo de sinceridade. Imagine que o seu tratamento é um quebra-cabeças, e todas as informações que você puder fornecer sobre sintomas, rotina e exames são peças importantes. Caso esteja passando com outros especialistas e tomando medicamentos para outras doenças, você deve informar ao gastroenterologista. Com o tempo, vocês vão desenvolver uma relação de parceria e confiança.2-4
O diário é uma das melhores ferramentas para pacientes com doenças crônicas, especialmente as DIIs. Anotar o que acontece na sua rotina — sintomas, mudanças ambientais ou na alimentação, assim como períodos de estresse — é um hábito útil para que você consiga enxergar padrões que impactam diretamente na sua qualidade de vida. Além disso, essas informações podem ser apresentadas para o médico para que ele ajude você a fazer ajustes importantes no seu tratamento. Entre as informações que podem constar no seu diário estão:4
Peso, presença ou não de sintomas e como está se sentindo no geral.4
Dúvidas que podem ter surgido em um dia específico.4
Informações relacionadas com sua rotina alimentar, atividade física e medicamentos.4
Encare a consulta médica como a oportunidade de tirar suas dúvidas sobre a doença, tratamento, exame e rotinas. Além das dúvidas e informações que você já colocou no seu diário, pode ser que surjam outras perguntas que você gostaria de fazer ao seu gastroenterologista. Algumas questões que você pode levar à sua consulta são:4-6
Com que frequência devo fazer os exames? Devo fazê-los no período de crises ou rotineiramente?6
Como saberei se a medicação deve ser ajustada?6
Quanto tempo leva, em média, para descobrimos se esta é ou não a medicação certa para mim?6
Quais os efeitos colaterais dos remédios? O que devo fazer caso eu os perceba?
O que devo fazer se os sintomas voltarem?6
Devo mudar a minha dieta ou tomar suplementos nutricionais?6
Quando devo voltar para uma nova consulta?6
Um estudo piloto realizado na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) aponta que até 87% dos pacientes brasileiros não aderem ao tratamento de doenças crônicas. Isso inclui tanto o uso dos medicamentos quanto às recomendações prescritas pelo médico, a realização de exames solicitados e a falta às consultas de rotina e acompanhamento. Esse tipo de comportamento ocorre quando acreditamos que estamos curados e, no caso das DIIs, em períodos mais longos de remissão da doença.2
Negligenciar o tratamento pode resultar em recaídas e até necessidade de cirurgia.2
O uso inadequado dos medicamentos pode desencadear crises.6
Mantenha seu médico informado sobre possíveis reações e nunca altere a dosagem por conta própria.6
As Doenças Inflamatórias Intestinais podem afetar seu corpo e mente como um todo. É por isso que ter a ajuda de uma equipe multidisciplinar é tão importante. Não existe uma dieta específica para pacientes com Doença de Crohn ou Retocolite Ulcerativa, mas no geral recomenda-se manter uma alimentação equilibrada. O nutricionista é o profissional mais indicado para ajudar você a fazer as melhores escolhas de forma personalizada para suas necessidades, enquanto as orientações do educador físico vão contribuir para que você mantenha-se em forma. Vale lembrar que a obesidade é bastante prejudicial em casos de DIIs, podendo até reduzir a ação do medicamento no seu organismo. Por fim, um psicólogo pode dar a você o suporte necessário para lidar com o estresse e os impactos emocionais da doença, adotando uma atitude mais positiva.3-7
O diagnóstico de DIIs pode ser difícil e estressante no início. É por isso mesmo que contar com uma rede de apoio, formada por nossos familiares, amigos e colegas de trabalho é uma forma positiva de lidar com a doença e até mesmo criar estratégias para momentos de crise. Converse com as pessoas próximas a você, compartilhando informações sobre sua condição, explicando o tipo de suporte que você precisa e, principalmente, permitindo que elas te ajudem. Se ajudar você a se sentir mais seguro, peça a um parente ou amigo que acompanhe você em uma consulta.6
Referências
Associação Brasileira de Colite Ulcerativa e Doença de Crohn (ABCD). Convivendo com a DII. 04/04/2022. <https://www.abcd.org.br/blog/artigos/convivendo-com-a-dii/>. Acesso em 27 de abril de 2023.
Associação Brasileira de Colite Ulcerativa e Doença de Crohn (ABCD). Adesão ao tratamento garante qualidade de vida. 09/01/2019. <https://www.abcd.org.br/blog/noticias/adesao-ao-tratamento-garante-qualidade-de-vida/>. Acesso em 27 de abril de 2023.
Organização Brasileira de Doença de Crohn e Colite – GEDIIB. Cartilha O Paciente de Doença Inflamatória Intestinal. <https://gediib.org.br/wp-content/uploads/2020/04/cartilha-Pacientes.pdf>. Acesso em 27 de abril de 2023.
Associação Brasileira de Colite Ulcerativa e Doença de Crohn (ABCD). As muitas nuances da consulta médica. 18/01/2023. <https://www.abcd.org.br/blog/artigos/as-muitas-nuances-da-consulta-medica/>. Acesso em 27 de abril de 2023.
Organização Brasileira de Doença de Crohn e Colite – GEDIIB. Cartilha 15 Perguntas Frequentes em Doença Inflamatória Intestinal. <https://gediib.org.br/wp-content/uploads/2022/04/Cartilha-15-Perguntas-Frequentes-sobre-Doenca-Inflamatoria-Intestinal.pdf>. Acesso em 27 de abril de 2023.
Associação Brasileira de Colite Ulcerativa e Doença de Crohn (ABCD). Cartilha Manejando Crises e Outros Sintomas da DII. <https://abcd.org.br/wp-content/uploads/2019/07/ABCD_cartilha_manejando.pdf>. Acesso em 27 de abril de 2023.
Associação Brasileira de Colite Ulcerativa e Doença de Crohn (ABCD). Tratamento envolve equipe multiprofissional. 28/12/2021. <https://www.abcd.org.br/blog/artigos/tratamento-envolve-equipe-multiprofissional/>. Acesso em 27 de abril de 2023.
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