24/04/2021
São mais de 5 milhões de pessoas afetadas pela meningite anualmente ao redor do mundo. Com uma taxa de letalidade de cerca de 20% - em alguns tipos da doença pode chegar a 50% -, a população atingida ainda pode sofrer com as sequelas que a meningite pode causar. O dia 24 de abril é marcado pelo Dia Mundial de Combate à Meningite, data que busca a conscientização da população e destaca a importância das formas de prevenção da doença.
Há três membranas que envolvem e protegem o cérebro, a medula espinhal e outros membros do sistema nervoso central. A meningite é uma infecção que atinge uma dessas membranas, conhecidas também como meninges. Na maioria dos casos, são vírus ou bactérias os principais agentes que causam a infecção.
No Brasil, a meningite é classificada como uma doença endêmica, o que significa que ela se manifesta com frequência em determinadas regiões. Geralmente, o surto de meningite bacteriana ocorre durante o inverno, enquanto a meningite viral é mais incidente durante o verão.
Apesar dos avanços obtidos pela saúde pública nos últimos anos, a meningite é uma doença que causa muitas mortes. Isso mostra a importância da população conhecer as formas de prevenção desta doença. O Dia Mundial de Combate à Meningite enaltece a prevenção, o diagnóstico e o tratamento adequados a fim de diminuir consideravelmente o número de casos. A vacinação é a principal ferramenta para a prevenção de surtos da meningite bacteriana.
A definição de surto de uma doença específica é dada quando:
Há três ou mais casos;
Todos eles ocorreram em uma mesma região;
Todos eles ocorreram em um período de três meses;
Geram uma taxa de ataque igual ou maior a dez casos em 100.000 habitantes.
Geralmente o número total de casos que ocorrem nos surtos de meningite é pequeno, com menos de dez pacientes acometidos por surto. No entanto, o grande problema é que os casos apresentam uma alta taxa de letalidade, ou seja, muitos pacientes que contraem a doença morrem.
Um surto de meningite pode acontecer devido a uma combinação de fatores:
Imunidade da população em determinada região;
Condições climáticas favoráveis para a infecção;
Cuidados sanitários inadequados;
Cepas fortes do agente causador.
Muitas vezes, o surto de meningite ocorre devido à circulação de uma variante do vírus ou bactéria que causa a doença, para o qual a população ainda não possui imunidade.
No Brasil, o agente causador mais comum é a bactéria meningococo. Os sinais e sintomas desse tipo de meningite são graves e têm rápida evolução. Por outro lado, existe uma vacina protetora exclusivamente para Meningococo C, sendo essencial para prevenir a doença.
Atenção: a manifestação mais comum da doença, a Meningococo C, atinge pessoas de todas as idades, mas a incidência maior é em crianças menores de 5 anos, em especial aquelas que ainda estão no primeiro ano de vida. Adolescentes e idosos também são grupos bastante afetados.
Por ser causada por bactérias e vírus, a meningite é transmitida a outras pessoas por meio de gotículas de saliva - na fala, tosse, espirros e beijos. Nem sempre a pessoa contaminada vai manifestar os sintomas, pois o organismo dela pode já possuir anticorpos de resistência à doença.
Crianças de 6 meses a 1 ano estão mais vulneráveis à contaminação por possuírem um sistema imunológico ainda em formação, sem anticorpos para o combate à meningite.
A prevenção, no entanto, requer cuidados simples de higiene:
Lavar as mãos constantemente e reforçar todos os hábitos de higiene;
Não compartilhar talheres e alimentos com outras pessoas;
Manter os ambientes limpos e ventilados;
Evitar aglomerações;
Higienizar constantemente os brinquedos e outras superfícies de contato;
Manter o cartão de vacinação das crianças atualizado.
Após o início da vacinação gratuita contra o meningococo em crianças de até 5 anos, o número de casos de meningite relacionada a esse agente reduziu drasticamente, com 70% menos incidência em menores de 2 anos. O que comprova que a vacinação é a forma mais eficaz de combate à meningite.
No Brasil, o Sistema Único de Saúde (SUS) oferece em seu calendário oficial as vacinas contra meningococo do tipo C, Haemophilus Influenzae do tipo B, Pneumococo e Tuberculose - agentes bacterianos que causam a meningite. Veja quais as vacinas disponíveis e quem deve tomá-las:
Meningo C - vacina para meningite causada por meningococo tipo C.
Crianças: a 1ª dose deve ser tomada aos três meses; a 2ª dose aos cinco meses; e o reforço deve ser feito entre 12 meses e quatro anos 11 meses e 29 dias;
Adolescentes: uma dose entre 12 e 13 anos.
Adultos: pessoas com doenças no sistema imunológico ou que fazem uso de medicamentos imunossupressores devem consultar qual o esquema de vacinação adequado. Outros adultos devem buscar a vacina em situações de risco, como surtos na região e viagens para locais onde há risco de transmissão, por exemplo.
Pneumo 10 - vacina para meningite por pneumococo.
Crianças: a 1ª dose deve ser tomada aos dois meses; a 2ª dose aos quatro meses; e reforço deve ser tomado entre 12 meses e quatro anos 11 meses e 29 dias.
Adolescentes e adultos: apenas aqueles que possuem condições especiais de saúde e como rotina para pessoas acima de 60 anos.
Pentavalente - vacina para meningite por Haemophilus influenzae.
Crianças: a 1ª dose deve ser tomada aos dois meses; a 2ª dose aos quatro meses; e a 3ª dose deve ser tomada aos seis meses.
Adolescentes e adultos: pessoas que possuem doenças crônicas ou que fazem tratamentos que aumentem o risco de infecção.
BCG: vacina para meningite tuberculosa.
Para crianças: ao nascer.
O SUS também disponibiliza a vacina para meningococo do tipo A, mas apenas em casos de surtos e epidemias por esse sorotipo. Na rede privada de saúde, são oferecidas as vacinas para meningococo dos tipos A, B, Y e W.
Confira também o calendário vacinal da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBim), que traz também as recomendações de vacinas disponíveis na rede privada.
A meningite pode ser causada por vírus, bactérias, parasitas ou fungos. No Brasil, os casos mais comuns são de meningites bacterianas - entre elas, conheça um pouco sobre cada manifestação:
Meningococo - causa um tipo de meningite com evolução rápida e, por isso, tem alta taxa de letalidade (um a cada cinco infectados morrem; em casos que a infecção atinge a corrente sanguínea do paciente, morrem sete a cada dez contaminados). Como sequela, pode causar cegueira, surdez, problemas neurológicos ou amputação de algum membro.
Haemophillus Influenzae b - este agente infeccioso entra pela corrente sanguínea e causa meningite e outras doenças graves. Com o avanço da vacinação, a incidência de casos deste tipo diminuiu - e é importante que as pessoas continuem se vacinando para que assim se mantenha;
Pneumococo - acomete o sistema respiratório e desenvolve um quadro parecido com o do meningococo. Sua letalidade é de cerca de 30% e atinge principalmente idosos e crianças menores de 5 anos.
Bacilo de Koch – a bactéria causadora da tuberculose também causa meningite. O quadro evolui de maneira mais lenta, mas ainda é letal. Atinge crianças pequenas e pacientes com problemas no sistema imunológico.
Os sinais e sintomas da meningite variam de acordo com a idade da pessoa afetada. Em geral, podem ser classificados também pelo tipo de agente infeccioso:
Sinais e sintomas das meningites virais
Sensação de gripe ou resfriado;
Febre;
Dor de cabeça;
Rigidez na região da nuca;
Falta de apetite;
Irritação.
Sinais e sintomas das meningites bacterianas
Dores fortes na cabeça e no pescoço;
Febre alta;
Mal-estar;
Vômitos;
Dificuldade em encostar o queixo no peito;
Manchas vermelhas no corpo;
Nos bebês, a moleira fica elevada e pode-se perceber sonolência em excesso, irritabilidade, recusa em mamar e choro ininterrupto.
Quando os sintomas forem detectados, é necessário buscar ajuda médica imediata. As manchas vermelhas pelo corpo são um sinal de que a infecção está se alastrando pela corrente sanguínea e pode acarretar em uma infecção generalizada.
Ao fazer o diagnóstico precoce da meningite bacteriana, o médico pode prescrever antibióticos adequados e, assim, diminuir as complicações e a mortalidade da doença.
Não existe medicação específica para curar meningites virais. O tratamento é prescrito para o alívio dos sintomas. Já as meningites bacterianas e fúngicas são tratadas com antibióticos, algumas vezes administrados diretamente pelas veias do paciente.
Meningite
Meningite meningocócia
Adolescência e meningite: a importância da prevenção também nessa faixa etária
https://www.sbp.com.br/fileadmin/user_upload/publicacoes/Folheto_Meningite_Fasciculo1_111115.pdf - Acesso em 12/04/2021;
https://portal.fiocruz.br/doenca/meningites#:~:text=A%20meningite%20%C3%A9%20uma%20inflama%C3%A7%C3%A3o%20das%20meninges%2C%20que,de%20agentes%2C%20sendo%20os%20principais%2C%20v%C3%ADrus%20e%20bact%C3%A9rias. - Acesso em 12/04/2021;
https://bit.ly/2Q77xRT - Acesso em 12/04/2021;
https://familia.sbim.org.br/vacinas/perguntas-e-respostas/meningite - Acesso em 12/04/2021;
PP-PFE-BRA-3482