O câncer de cabeça e pescoço é o quinto mais incidente no Brasil, tanto em homens quanto em mulheres, causando cerca de 10 mil mortes ao ano. 70% dos casos de câncer de cabeça e pescoço são descobertos já em estágio avançado devido à falta de informação das pessoas sobre a doença. Por isso, a importância de se alertar a população sobre a importância do diagnóstico precoce e de reconhecer os fatores de risco da doença.
O câncer de cabeça e pescoço se refere a qualquer tumor que se desenvolve nessas regiões. Ele pode ser chamado de acordo com a área atingida:
Câncer da cavidade oral – pode acometer lábios, gengiva, céu da boca e língua;
Câncer de faringe – acomete a região da garganta, por onde passam os alimentos e o ar inalado pelo nariz;
Câncer de laringe – atinge a região da garganta onde se localizam as cordas vocais;
Câncer de tireoide – afeta a glândula da tireoide, responsável por produzir hormônios que regulam a função do coração, cérebro, fígado e rins;
O câncer de cabeça e pescoço ainda pode atingir os seios da face, glândulas salivares e linfonodos localizados no pescoço.
Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), a cada ano espera-se cerca de 1,5 milhão de novos casos de câncer de cabeça e pescoço, e cerca de 460 mil mortes. No Brasil, o Instituto Nacional de Câncer (Inca) estima 685 mil novos casos desse tipo de câncer entre 2020 e 2022. Entre os homens, o tumor mais comum é o de boca, enquanto entre as mulheres é o de tireoide.
A maior parte dos fatores de risco do câncer de cabeça e pescoço podem ser evitados. Os que mais influenciam o desenvolvimento da doença são:
Tabagismo – o hábito de fumar cigarro e derivados, como charuto, narguilé e cachimbo, é o principal fator de risco para o câncer de cabeça e pescoço. Junto ao consumo excessivo de bebidas alcoólicas, o tabagismo está relacionado a 75% dos casos da doença.
Consumo excessivo de bebidas alcoólicas – aumenta as chances de desenvolver diversos tipos de câncer, além do de cabeça e pescoço. Quando associado ao tabagismo, as chances são aumentadas em 20 vezes, se comparado a uma pessoa que não bebe em excesso e não fuma.
Infecções por HPV – a infecção pelo papilomavírus humano, transmitido sexualmente, tem aumentado a incidência de câncer de cabeça e pescoço principalmente entre jovens adultos. As regiões mais acometidas pelas lesões são faringe, cavidade oral e laringe.
Má higiene bucal – e problemas com a saúde bucal não resolvidos contribuem para o aumento das chances de desenvolver câncer na cavidade oral. O uso de próteses dentárias mal adaptadas também é um fator de risco pois pode causar feridas crônicas na região.
Exposição a substâncias tóxicas – pessoas que trabalham em setores da indústria e são expostas ao amianto, pó de madeira e níquel podem ter risco aumentado para o câncer de cabeça e pescoço.
Exposição à radiação – para o tratamento de outros tumores, por exemplo, pode aumentar o risco de desenvolver câncer na região.
Os sinais e sintomas do câncer de cabeça e pescoço variam de acordo com a região afetada. Eles podem ser:
Manchas brancas ou avermelhadas na boca, que podem ser acompanhadas de dor e sangramento;
Feridas na boca que não cicatrizam;
Nódulo no pescoço, que pode ser sentido ao apalpar;
Rouquidão e/ou alteração na voz por mais de 15 dias;
Dor de garganta que persiste mesmo com medicamentos;
Tosse persistente;
Dor ou dificuldade para engolir e/ou respirar;
Dor no ouvido;
Dor de cabeça.
Esses sinais e sintomas são comuns em diversas outras doenças. Apresentá-los não significa, necessariamente, a presença de câncer. Mas é essencial procurar o médico para que ele possa fazer a avaliação adequada e evitar um possível diagnóstico tardio.
O médico irá fazer uma análise clínica e examinar os sinais e sintomas – como feridas na boca e nódulos no pescoço. Para confirmar o diagnóstico, ele pode pedir uma biópsia - exame que remove uma parte ou toda a área suspeita para analisar se há células cancerígenas. No caso de nódulos, como na tireoide, por exemplo, a biópsia pode ser feita por meio de uma agulha fina, que aspira parte do tecido.
Existem outros exames complementares que o médico pode pedir para apoiar o diagnóstico, principalmente em casos de tumores maiores, que podem ter atingido regiões vizinhas, como linfonodos e ossos. São eles:
Ultrassonografia;
Tomografia computadorizada;
Ressonância magnética;
PET-TC.
Atenção: o diagnóstico precoce do câncer de cabeça e pescoço tem cerca de 80% de chances de sucesso no tratamento. Por isso, é muito importante procurar um médico especialista ao notar qualquer sinal ou sintoma nessa região.
O tratamento para o câncer de cabeça e pescoço variam de acordo com a região atingida, extensão da doença e saúde geral do paciente, como presença de doenças crônicas e estado nutricional.
Cirurgia – remove a área afetada com as células cancerígenas e é o tratamento mais comum para o câncer de cabeça e pescoço. Em alguns casos, como os de tumores na tireoide e cavidade oral, podem ser feitas a cirurgia robótica e a cirurgia endoscópica. Essas técnicas permitem maior precisão durante a cirurgia, além de evitar cicatrizes e garantir uma recuperação mais rápida ao paciente.
Quimioterapia e imunoterapia – podem ser feitas em complemento à radioterapia, antes e/ou depois da cirurgia. Os medicamentos ajudam a eliminar ou impedir a multiplicação de células cancerígenas, principalmente em áreas que não podem ser removidas com a cirurgia. Em casos de tumores avançados, a quimioterapia ajuda no controle de sintomas.
Radioterapia – também pode ser realizada em complemento à cirurgia, junto com a quimioterapia ou não. Em casos de tumores agressivos, ajuda a aliviar os sintomas.
O câncer de cabeça e pescoço é um dos tipos de tumores mais possíveis de prevenir, pois existem muitos fatores de riscos evitáveis associados a ele. Algumas formas de reduzir as chances de desenvolver essa doença são:
Se vacinar contra o vírus HPV – a vacina está disponível pelo Sistema Único de Saúde (SUS) para meninas de nove a 14 anos e meninos de 11 a 14 anos. Ela combate quatro tipos de vírus – 6,8,16 e 18 – sendo que os dois últimos são os mais relacionados a diversos tipos de câncer;
Não fumar – cigarro ou qualquer derivado, como cachimbo, charuto e narguilé;
Não consumir bebidas alcoólicas em excesso;
Ter uma boa higiene bucal – e visitar o dentista regularmente, se possível a cada seis meses, para checar se há algum problema na saúde bucal;
Usar preservativo – inclusive no sexo oral;
Visitar o médico regularmente – ao menos uma vez ao ano, para fazer check-up de saúde e evitar possíveis diagnósticos tardios.
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